terça-feira, 3 de setembro de 2013

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS DE PREVENÇÃO DE DROGAS

GUIA PRÁTICO PARA
PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO DE DROGAS
MARINE MEYER

GUIA PRÁTICO PARA
PROGRAMAS DE
PREVENÇÃO DE
DROGAS


MARINE MEYER

PSICÓLOGA DO PROGRAMA DE
PREVENÇÃO AO USO INDEVIDO DE
DROGAS DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN


DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL
DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN




2003. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.

É permitida a reprodução parcial ou total desde que citada a fonte.

Produção, distribuição e informações

Site “Álcool e Drogas sem Distorção”
Programa Einstein de Tratamento de Dependentes de Álcool e Drogas - PAD
Departamento de Saúde Mental do Hospital Albert Einstein

Av. Albert Einstein 627
3º andar, bloco B, sala 387/389
Telefones: (011) 3747 1487 ou 3747- 1486


PREFÁCIO


O objetivo principal deste guia é o de instrumentalizar
escolas a construírem e manterem um programa de
prevenção ao uso de drogas inserido no cotidiano
escolar. As informações contidas neste material são
destinadas preferencialmente aos educadores e mais
particularmente aos professores, pois os
consideramos os agentes preventivos ideais em
função do vinculo afetivo e educativo com os alunos.


SUMÁRIO


CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
O QUE É PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS?
QUAIS OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO AO USo DE DROGAS?
PROGRAMA DE PREVENÇÃO AO USO  DE DROGAS
POR QUE FAZER PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS EM ESCOLAS?
COMO AS AÇÕES PREVENTIVAS DEVEM SER ORGANIZADAS?
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DA
PREVENÇÃO AO USO DE DROGAS EM ESCOLAS 
QUAIS SÃO AS ESTRATÉGIAS? 
ETAPAS DE UM PROGRAMA DE PREVENÇÃO
DIAGNÓSTICO 
DIFICULDADES INICIAIS 
CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES
AVALIAÇÃO DO PROGRAMA 

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 1DE PREVENÇÃO DE DROGAS


O QUE É PREVENÇÃO AO USO DE
DROGAS?

Prevenção e repressão não são a mesma coisa. Elas
supõem posturas diferentes porém complementares.

·
Prevenção consiste na redução da demanda do
consumo de drogas. Neste caso, as ações têm como
objetivo fornecer informações e educar os jovens a
adotarem hábitos saudáveis e protetores em suas vidas.
Espera-se que as pessoas diminuam ou parem de
consumir drogas.

·
Repressão consiste na redução da oferta de drogas.
As ações repressivas tem como objetivo dificultar o
acesso as drogas como por exemplo: a legislação que
proíbe o uso de algumas droga, ações policiais para
prender traficantes e restrições ao consumo de álcool
e tabaco para menores de 18 anos.

Ambos conceitos encontram-se presentes no cotidiano da
escola: ao mesmo tempo que a escola faz campanhas
educacionais antitabagistas, proíbe a todos (inclusive

professores e funcionários) de fumarem na instituição.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A comunidade em ação:

PAIS
Podem trabalhar com outras pessoas na
comunidade selecionando programas de

prevenção de qualidade.

EDUCADORES

Podem incluir em sua grade curricular
informação sobre drogas baseada em
evidências científicas.

LÍDERES COMUNITÁRIOS

Auxiliar na escolha, desenvolvimento e
aprimoramento de programas de
prevenção para sua comunidade.

National Institute on Drug Abuse

www.nida.nih.gov


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


CONCEITOS FUNDAMENTAIS

QUAIS OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO AO
USO DE DROGAS?

Existem três níveis de prevenção, cada um com os seus
objetivos próprios:

A prevenção primária quer evitar ou retardar a
experimentação do uso de drogas. Portanto, refere-se ao
trabalho que é feito junto aos alunos que ainda não
experimentaram, ou jovens que estão na idade em que
costumeiramente se inicia o uso.

A prevenção secundária tem como objetivo atingir as
pessoas que já experimentaram e que fazem um uso
ocasional de drogas, com intuito de evitar que o uso se
torne nocivo, com possível evolução para dependeria. Na
prevenção secundária o encaminhamento para especialistas
também pode e muitas vezes é indicado como uma forma
preventiva de evitar danos maiores a saúde.

A prevenção terciária corresponde ao tratamento do uso
nocivo ou da dependência. Portanto este tipo de atenção
deve ser feita por um profissional de saúde, cabendo a
escola identificar e encaminhar tais casos.

Não é possível saber com antecedência quem irá ter maiores
problemas com o uso de drogas. Portanto, é melhor prevenir
do que remediar!

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 3DE PREVENÇÃO DE DROGAS


PROGRAMA DE
PREVENÇÃO AO USO DE
DROGAS NAS ESCOLAS


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

O Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas
Psicotrópicas (CEBRID) realizou
entre 1987 - 1997 quatro
levantamentos sobre o perfil do
consumo de drogas entre estudantes.
Os solventes foram as drogas que
tiveram maior uso na vida, atrás
apenas do tabaco e o álcool. Dentre
as seis drogas mais utilizadas, três
delas - maconha, anticolinérgicos e
cocaína - tiveram um crescimento de
uso na vida.

www.cebrid.epm.br

60%, 53 % e 40% dos jovens
brasileiros entre 12 - 17 anos
consideram muito fácil conseguir
solventes, maconha e cocaína
respectivamente.

www.cebrid.epm.br

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 5DE PREVENÇÃO DE DROGAS

POR QUE FAZER PREVENÇÃO AO
USO DE DROGAS EM ESCOLAS?


A escola tem um papel fundamental no
desenvolvimento sadio do adolescente e do adulto,
pois contribui para a formação global do jovem e
da sociedade. Qual a relação entre educação e
prevenção? A prevenção ao uso de drogas é uma
atitude a ser adquirida desde a infância e
promovida durante toda a vida. Assim, o papel da
escola na prevenção é educar crianças e jovens a
buscarem e desenvolverem sua identidade e
subjetividade, promover e integrar a educação
intelectual e emocional, incentivar a cidadania e a
responsabilidade social, bem como garantir que
eles incorporem hábitos saudáveis no seu
cotidiano. Trata-se de discutir o projeto de vida dos
alunos e da sociedade, ao invés de dar ênfase às
conseqüências como a doença e a drogadição por
exemplo. Neste sentido, a prevenção é mais
adequada quando discute o uso de drogas dentro
de um contexto de saúde.


COMO AS AÇÕES PREVENTIVAS
DEVEM SER ORGANIZADAS?

As ações preventivas podem ser inicialmente
pontuais coordenadas por um membro da escola.
Apesar desta não ser a situação ideal estas atitudes
precisam ser incentivadas e valorizadas. Afinal, é a
partir do interesse de alguns que programas de
prevenção podem ser estruturado a longo prazo.
Esta pessoa pode coordenar e mobilizar a
comunidade escolar para a relevância do tema.

No entanto, é o programa de prevenção o modelo
que garante a continuidade das ações preventivas
que são fundamentais para mudar o comportamento
das pessoas sobre os riscos do uso de droga. O
programa de prevenção precisa fazer parte do
cotidiano, ser intensivo, precoce e duradouro, com
tendência para envolver pais e comunidade em suas
atividades. O programa ideal é aquele que é
desenvolvido durante toda a escolaridade dos
alunos.

PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

ALGUNS FATORES DE RISCO
Comportamento agressivo precoce
Falta de apoio familiar
Abuso de álcool, tabaco e outras drogas
Fácil acesso e permissividade
pobreza

National Institute on Drug Abuse

www.nida.nih.gov

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 7DE PREVENÇÃO DE DROGAS

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS OBJETIVOS


DA PREVENÇÃO AO USO DE
DROGAS EM ESCOLAS?


Um programa de prevenção não pode ter como meta
principal por fim a toda e qualquer ocorrência com drogas
na escola ou propor que os usuários deixem de existir. É
preciso tomar cuidado para não cair na armadilha de tentar
banir as drogas da escola e da sociedade. Esta é uma
empreitada impossível!
Portanto, o planejamento das atividades preventivas devem
ter como meta diminuir a probabilidade do jovem envolver-
se de maneira indevida com o uso de drogas. Para isso, os
programas de prevenção ao uso de drogas devem enfatizar
a redução dos fatores de risco e ampliação dos fatores
de proteção.

Nem toda pessoa que experimenta ou usa uma droga se
tornará um dependente químico. Por outro lado, todo
dependente um dia experimentou uma droga. O grande
problema é que não dá para saber com antecedência, entre
as pessoas que começam a usar drogas, quais serão
usuárias ocasionais e quais se tornarão dependentes. Para
se fazer prevenção é preciso basear-se nos diversos
padrões de uso de drogas. Não é em vão que a devem
realizar um diagnóstico para verificar o tipo de usliteratura
sugere que programas de prevenção o e quais as drogas
consumidas por aquela comunidade, para então adequálos
as necessidades reais da mesma.


QUAIS SÃO AS ESTRATÉGIAS?


Para fazer prevenção em escolas não é preciso reinventar
a roda, já existem modelos de prevenção pesquisados e
sugeridos para o trabalho. Estes correspondem ao leque
de estratégias que podem ser usadas para planejar e
realizar atividades preventivas. A literatura sugere que os
programas de prevenção mesclem as diversas estratégias
para garantir uma diversidade de ações obtendo assim
melhores resultados na prevenção ao uso de drogas. A
escolha adequada de um modelo de prevenção se dará em
função de uma série de critérios, tais como: a filosofia da
instituição, do tipo de atividade, da população alvo, do local
e de seus recursos e, principalmente, das necessidades
daquela população.

Vejam a seguir os principais modelos de prevenção
sugeridos na literatura para desenvolver programas de
prevenção ao uso indevido de drogas:

1. Modelo do amedrontamento
Este modelos baseia-se em fornecer informações que
enfatizam as conseqüências negativas do uso de drogas de
modo dramático. A prevenção ao uso de drogas nestes
moldes tem pouca eficácia, pois muitas vezes o medo parece
ser um argumento pouco convincente frente ao suposto
prazer que o adolescente atribui ás drogas.

PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

2. Educação para o conhecimento científico
Propõe o fornecimento de informações sobre drogas de
modo imparcial e científico. A partir destas informações os
jovens podem tomar decisões racionais e bem
fundamentadas sobre as drogas. Contudo, também
precisamos fazer uma ressalva na utilização deste modelo.
Informação em excesso e detalhista sobre os efeitos das
diferentes drogas, também pode ter o efeito contrário do
almejado: despertar a curiosidade e portanto induzir o uso
de drogas. Lembramos que para prevenir o uso de drogas é
preciso informar os jovens, mas também abordar e discutir

o prazer que os jovens atribuem a mesma como uma forma
de conscientizá-los e desmistificar algumas crenças e
concepções a cerca dos efeitos do uso de drogas.
3. Treinamento para resistir
Busca desenvolver habilidades para resistir às pressões do
grupo e da mídia para experimentação ou uso de drogas.
Para tanto, são desenvolvidos exercícios que treinam os
jovens a recusar a droga oferecida.

4. Treinamento de Habilidades Pessoais e Sociais:
Este modelo entende que o ensino de habilidades e
competências como um fator de proteção necessário para
lidar melhor com as dificuldades da vida. Também procura
desenvolver competências mais gerais, tais como lidar com
a timidez ou como desenvolver amizades saudáveis.

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 9DE PREVENÇÃO DE DROGAS


5. Pressão de Grupo Positiva
Acredita que os próprios jovens podem liderar atividades
de prevenção. Lideres naturais adolescentes são
identificados e treinados por adultos para desenvolver ações
preventivas.

6. Educação afetiva
Defende que jovens emocionalmente e psicologicamente
saudáveis correm menos riscos de ter um uso problemático
de substâncias psicoativas. Este modelo visa o
desenvolvimento interpessoal dos jovens estimulando e
valorizando a auto-estima, a capacidade de lidar com a
ansiedade, a habilidade de decidir e relacionar-se em grupo.

7. Oferecimento de alternativas
Pretende oferecer alternativas interessantes e saudáveis
ao uso de drogas, propiciando aos jovens possibilidades
de lazer, prazer e crescimento pessoal. Exemplos dessas
alternativas podem ser atividades profissionalizantes,
esportivas, artísticas e culturais.

8. Modificação das condições de ensino
Sugere a modificação das práticas educacionais, a melhoria
do ambiente escolar, o incentivo a responsabilidade social,

o comprometimento da escola com a saúde dos seus alunos,
o envolvimento dos pais em atividades curriculares, e a
inserção do tema no em sala de aula como atitudes
importantes na prevenção ao uso de drogas.
PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

Aparticipação autônoma das partes

envolvidas é fundamental para a
implantação e desenvolvimento de
estratégias de prevenção efetivas.

National Drug Framework of Australia

www.health.gov.au


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


PROGRAMA DE PREVENÇÃO
AO USO DE DROGAS NAS
ESCOLAS

9. Educação para a saúde:
Educar para uma vida saudável é a proposta central deste
modelo. Assim, orientar para uma alimentação adequada,
para atividades não propiciadoras de estresse, para uma
vida sexual segura, para a prática de exercícios físicos, uso
adequado de remédios e até para a escolha correta da
pessoa que dirigirá o carro num passeio de grupo, compõem
um currículo em que a orientação sobre os riscos do uso de
tabaco, álcool e drogas também se faz presente. Muitas
vezes são discutidos temas mais gerais, como meio
ambiente, poluição e trânsito visando formar um estudante
com consciência de algumas características problemáticas
do mundo que o cerca e com capacidade de escolher uma
vida mais saudável para si e sua comunidade.

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 11DE PREVENÇÃO DE DROGAS


ETAPAS DE UM
PROGRAMA DE PREVENÇÃO

I. O DIAGNÓSTICO
PRINCÍPIOS DA PREVENÇÃO
PRIMEIRO

Os programas de prevenção devem
aumentar os fatores de proteção e
reduzir os fatores de risco.

SEGUNDO

Os programas de prevenção devem

abordar todos os tipos de droga e

todas as formas de uso, incluindo o
uso de drogas lícitas por menores de
idade, de drogas ilícitas, bem como o

uso inapropriado de substâncias

obtidas legalmente, tais como os

solventes e as drogas prescritas.

TERCEIRO

Os programas de prevenção devem
estar adaptados as necessidades
específicas de cada comunidade

National Instute on Drug Abuse

www.nida.nih.gov

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


O DIAGNÓSTICO

A prevenção deve ser considerada
uma atividade de todo o dia. Já a
intervenção deve ser direcionada a

locais específicos onde as pessoas
vivem , trabalham e passeiam.

Swiss Federal Office of Public Health

www.suchtundaids.bag.admin.ch

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 13DE PREVENÇÃO DE DROGAS

O ponto de partida é “tirar uma fotografia da escola” o que
no termo técnico significa realizar um diagnóstico. É preciso
saber qual é a amplitude do problema na escola para poder
solucioná-lo. Se as ocorrências com uso de drogas têm sido
relacionados ao álcool e a maconha a prioridade não é
desenvolver atividades voltadas para o uso de cocaína.
Assim o programa deve ser adaptado em função da
realidade e das necessidades de cada escola.

O diagnóstico visa a identificar :

-O público alvo do programa: incidência e prevalência
do uso de drogas, características sócio-econômicas
e demográficas, identificação dos grupos ou jovens
com comportamento de risco.

-Tipos de drogas consumidas, freqüência e uso.

-Valores, atitudes e crenças a respeito das drogas e
dos usuários.

-Levantamento das condições de ensino e da rotina
escolar.

-Condução dos casos de alunos usuários ou
dependentes.

-Informações sobre o tema da comunidade escolar.


 Como fazer o diagnóstico:

 Sugerimos essencialmente três etapas:

A. Pesquisa epidemiológica:
-Questionários anônimos e de auto preenchimento
(padronizado pela Organização Mundial de Saúde). Os
questionários visam a caracterizar a população, medir o
uso de drogas desses alunos, seus conhecimentos e
opiniões a respeito do tema. Este procedimento apresenta
um grau de dificuldade alto para sua realização, pois exige

o acompanhamento de técnicos e é custoso. A parceria
com universidades ou instituições especializadas deve
ser estudada e é aconselhada. Além disso, o uso deste
instrumento exige cautela pois é comum um sentimento
de perseguição dos alunos que podem não responder o
questionário adequadamente por medo.
B. Levantamento do conhecimento sobre o tema:
-Elaboração de um roteiro de perguntas baseadas nas
informações que se deseja obter. O mesmo deve ser
rigorosamente planejado e estruturado para garantir a
confiabilidade dos resultados e sua reaplicação.

-Atividade realizada com um grupo de no máximo 12
participantes. O grupo terá um coordenador e um
observador (anota e grava a discussão). A partir das
questões propostas pelo coordenador do grupo, os
participantes irão expor e debater suas opiniões e
conhecimentos sobre o tema.

-Pode ser aplicada em alunos, professores e pais.

O DIAGNÓSTICO


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


O DIAGNÓSTICO

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 15DE PREVENÇÃO DE DROGAS

C. Mapeamento da Instituição:
-Observação da rotina escolar (alunos e funcionários) e
da proposta pedagógica da escola, para moldar as etapas
do programa de prevenção ao funcionamento da escola.

-Avaliação do ambiente físico e arredores da escola:
presença de bares e padarias próximos, a freqüência dos
alunos a estes locais, opções de lazer no local.

-Levantamento de como a problemática das drogas é
abordada na escola: modo de encaminhamento, tabagismo
entre os professores e os alunos, o que acontece ao aluno
quando é pego usando ou portando drogas na escola,
venda de bebida alcóolica durante festas da escola.

-Avaliação de como as questões de saúde são abordadas
na escola: medicação dos alunos, presença de “farmácia”
na escola e seu responsável, se a escola mantém um
registro do número de intercorrencias de saúde.

-Levantamento do número de ocorrências envolvendo
drogas na escola.

-Levantamento de atividades preventivas que já foram
desenvolvidas na escola para evitar a repetição das
mesmas atividades e temas. Também é uma forma de
detectar os conhecimentos preexistentes e já trabalhados
pela escola com a comunidade.

-Levantamento dos recursos materiais, humanos e físicos
disponíveis para a realização do programa.


ETAPAS DE UM
PROGRAMA DE PREVENÇÃO

II. DIFICULDADES INICIAIS
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


DIFICULDADES INICIAIS

Comunidades coesas e com
qualidade de vida ficam menos
vulneráveis aos efeitos do uso
indevido de drogas.

Drug Strategy - United Kingdom

www.drugs.gov.uk

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 17DE PREVENÇÃO DE DROGAS

Algumas das dificuldades iniciais para inserção do programa
de prevenção na escola podem ser:

A.
Tráfico de drogas na escola.
Trabalhar o tema indiretamente (no caso de escolas com
tráfico intenso). Neste casos, a escola pode trabalhar com
ações que despertem a cidadania e a responsabilidade social,
ajudando os alunos a encontrarem soluções para os
problemas de sua comunidade. Utilizar-se do modelo de
educação afetiva desenvolvendo atividades com artes ou
música que ajudam a melhorar a auto estima destes jovens.
Esta maneira de desenvolver o trabalho de prevenção é um
excelente recurso para firmar parcerias com todos os setores
da escola. Ele é educativo sendo portanto do interesse de
toda a comunidade e do qual todos podem participar.

B.
Falta de preparo técnico com relação ao tema e boicote
ao trabalho.
A busca de informações científicas e confiáveis diminui a
insegurança trazendo tranqüilidade e qualidade ao programa
de prevenção ao uso de drogas.

C. Sentimento de desconfiança dos alunos com relação
a uma postura repressora e acusatória da escola.
Como vimos na questão dois, a prevenção e repressão são
muitas vezes confundidas. Portanto, o trabalho a ser realizado
é similar ao mencionado no item A desta resposta. È preciso
desenvolver atividades que mobilizem e interesse ao jovens.
Além disso, é importante evitar criar um clima de acusação e
identificação.


D. Falta de regras claras sobre o uso de drogas na escola.
Nenhum tipo de consumo de drogas deve ser permitido na
escolas sejam elas lícitas ou ilícitas. Recomenda-se que o
consumo de álcool (até para os adultos) seja evitado nas
festas comemorativas da escola. Este é um excelente
momento para se divertir sem se embriagar. Também é preciso
prever e estabelecer um protocolo de medidas para alunos
que são usuários ou forem pegos usando drogas dentro da
escola.

DIFICULDADES INICIAIS


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


ETAPAS DE UM
PROGRAMA DE PREVENÇÃO

III. A CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 19DE PREVENÇÃO DE DROGAS


Todo o corpo educativo precisa ser capacitado para
desenvolver o tema drogas em sala de aula e no cotidiano
escolar. Esta é uma tarefa que requer tempo e investimento.

A formação de um grupo representativo para coordenar e
organizar o programa é a maneira ideal para iniciar as
atividades preventivas. Esta estrutura agiliza a implementação
do programa na escola. Posteriormente, seus membros
podem transmitir os conhecimentos a todos na escola.

Composição ideal do Grupo de Multiplicadores:

-Ter cinco a seis pessoas para garantir maior comunicação
e possibilidade de decisão. Um dos integrantes pode ser

o coordenador do grupo.
-Participar voluntariamente do grupo e do programa. A
situação ideal é que os dirigentes da escola não
determinem quem irá compor o grupo de trabalho.

-Ter educadores da maioria das séries, disciplinas (exatas,
humanas, línguas, artes e etc...) e áreas (direção ou
coordenadores pedagógicos, professores e funcionários
e etc...) da escola representadas no grupo.

Condições a serem oferecidas pela escola:

-Garantir horários fixos para reuniões de planejamento e
para organização das atividades preventivas.

-Disponibilizar recursos materiais.

-Valorizar e apoiar o trabalho.

-Incentivar e promover a capacitação técnica dos
professores sobre o tema.

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Segundo o Plan Nacional sobre
Drogas (Espanha), os professores
devem saber abordar o tema drogas
no cotidiano da escola por meio de
atividades curriculares e
extracurriculares. Para isso devem
estar devidamente capacitados,
munidos de material didático e
repertório para atividades, bem como
conectados a profissionais
especializados para
encaminhamentos.

www.mir.es/pnd


GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Formação do Grupo de Multiplicadores:

-Ter acesso a conhecimentos básicos sobre prevenção e
drogas para, posteriormente, transmiti-los aos seus
colegas.

-Contemplar aspectos teóricos mas também aspectos
práticos envolvidos na prevenção ao uso de drogas.

-Promover dinâmicas de grupo para que aspectos afetivos
e emocionais dos professores e funcionários sejam
abordados de modo a prepará-los a trabalhar e
reaplicarem esta dinâmica com alunos e pais.

-Participar de cursos e promover grupos de estudos bem
com discussões pertinentes ao tema com a comunidade
escolar.

-Definir as estratégias a serem utilizadas para abordar o
tema na escola e em sala de aula.

-Planejar atividades preventivas para o ano letivo.

-Criar protocolos de avaliação.

-Formar um acervo de aulas, materiais, atividades, textos,
livros, lista de filmes e de sites na Internet.

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 21DE PREVENÇÃO DE DROGAS


ETAPAS DE UM
PROGRAMA DE PREVENÇÃO

IV. A ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES

Para a prevenção eficiente:
IDENTIFIQUE
CONSTRUA
DESENVOLVA
PROJETE
INCLUA

National Institute on Drug Abuse

www.nida.nih.gov

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 23DE PREVENÇÃO DE DROGAS

A partir das informações obtidas no diagnóstico e
considerando os objetivos gerais do projeto é preciso
organizar as atividade preventivas para que os problemas
com uso de drogas sejam solucionados e abordados. Para
tanto é preciso fazer um plano de trabalho. O planejamento
deve contemplar a preparação de atividades preventivas
para toda a comunidade escolar ( corpo educativo, pais e
alunos). Este poderá ser anual ou semestral.

A escola deve ter um planejamento consistente para fazer
um trabalho preventivo, mas deve também estar preparada
para agir diante de situações imprevistas, e aproveitar todas
as oportunidades possíveis para agir de forma positiva na
formação de seus alunos.

Algumas dicas para a construção de um plano de
trabalho

-Que tipo de atividade deve ser realizada para reduzir ou

evitar o consumo de drogas e favorecer os fatores de

proteção?

-O que precisa ser feito para atender as necessidades
levantadas no diagnóstico?

-Que atividades devem ser realizadas para que todos os
setores da escola sejam atingidos pelo programa?

-Quem é o público alvo desta atividade?

-Qual a melhor estratégia para planejar esta atividade?


-Quantas atividades serão necessárias para atingir toda a
população durante o ano?

-As atividades desenvolvidas precisam ser
sistematicamente registradas e descritas para a realização
da avaliação e reutilização.

-Ao menos uma vez por ano, deve haver uma avaliação
das atividades realizadas e redefinição das metas para o
ano seguinte.

 Como trabalhar o tema na escola

As atividades preventivas têm maior impacto quando são
dirigidas aos alunos e aos seus familiares e se toda a
comunidade escolar estiver mobilizada. Elas devem abordar
todas as formas de abuso de drogas, incluindo as legais e as
ilegais, dando prioridade às mais consumidas naquela
comunidade.

A continuidade das atividades preventivas pode ser garantida
ao serem inseridas no programa pedagógico da escola
através dos temas transversais, e nos eventos propostos pela
escola como festas, assembléia ou reunião de pais. Datas
comemorativas também podem ser um excelente recurso para

o desenvolvimento de atividades preventivas, como por
exemplo, o dia internacional de combate às drogas. O projeto
também pode criar e propor atividades preventivas
extracurriculares como campeonatos esportivos ou palestras
informativas.
ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


ORGANIZAÇÃO DAS AÇÕES

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 25
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


Exemplos de atividades preventivas:

Professores e funcionários: Criar um banco de aulas,
atividades e dinâmicas reaplicáveis que abordem todas as
drogas e os diferentes usos. Elaborar material didático:
cartilhas e folhetos.

Pais: Criar um canal de discussão e de parceria com os
pais através de eventos específicos. Promover uma
discussão sobre os fatores de risco e de proteção

Alunos: Planejar projetos pedagógicos e culturais:
exposições de pesquisas e trabalhos realizados. Discussão
de algumas propagandas de álcool e medicamentos, por
exemplo.


A AVALIAÇÃO DO
PROGRAMA
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 27
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


A avaliação é o processo para verificar se o programa de
prevenção desenvolveu-se conforme os objetivos definidos
e problemas levantados no diagnóstico inicial. Ela permite
observar as dificuldades e facilidades encontradas durante
a realização do trabalho e ajustar o programa para as
próximas etapas.

Para uma avaliação geral do programa sugerimos que sejam
realizados três tipos de avaliação: da estrutura, dos processos
e dos resultados do programa de prevenção.

Seguem algumas dicas para realizar as avaliações:

A avaliação do estrutura e do processo do projeto são formas
de se verificar o desenvolvimento do programa. Para isso, é
fundamental a elaboração de um instrumento de registro e
de avaliação.

-Seguem algumas questões a serem consideradas para
as avaliações:

1.
Desempenho e capacitação do Grupo de Multiplicadores.
2.
Inserção do programa na escola: pais, alunos e
educadores.
3.
Metodologia utilizada (divulgação, estratégia de
prevenção, comunicação com o público alvo...).
4.
Qualidade das atividades preventivas.
5.
O planejamento foi mantido e atingiu seus objetivos?
6.
Os recursos disponíveis foram suficientes?

Seguem algumas estratégias para auxiliar a avaliação dos
resultados:

1. Pré/Pós-testes
Desenvolvimento de questionários para medir a opinião dos
alunos sobre as drogas e seus conhecimentos sobre o tema.
Aplica-se o teste antes e após a atividade preventiva. Depois
se compara se houve alguma alteração no comportamento e
no conhecimento dos sujeitos.

2. Número de ocorrências
Levantamento do número de ocorrências com drogas na escola
durante o programa. O fato de elas aumentarem não significa
necessariamente que o programa falhou. Este índice pode ser
um indicativo de que o tema esta mais presente na escola e,
as pessoas têm procurado maior apoio junto à escola. Portanto
pode até ser positivo.

3. Número de intercorrencias de saúde
Levantamento do número de intercorrencias de saúde (faltas
por doença, pedido de medicamentos e sua indicação) durante
o ano escolar. Este pode ser um indicador de que o
programa tem afetado o comportamento em relação a auto-
medicação e a medicação sem orientação médica. Uma
redução deste número bem como uma atitude mais consciente
no uso de medicamentos, pode ser um resultado positivo do
trabalho realizado.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS 29
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


4. Número de casos
Levantamento do número de alunos encaminhados para
profissionais de saúde por terem um comportamento abusivo
ou de dependência de drogas. Verificação se este número
aumentou, diminui ou manteve-se inalterado.

5. Inserção do programa na escola
Levantamento do número de intervenções realizadas pelo
grupo de multiplicadores em parceria com os outros
professores da escola. Pode se verificar se o grupo de
multiplicadores atingiu seu propósito:

O programa de prevenção ao uso de drogas está inserido no
cotidiano e no programa pedagógico da escola?

Os professores da escola têm tido autonomia para abordar o
tema drogas em sala de aula? Quantas atividade
desenvolveram?

Como os casos e os episódios de alunos envolvidos com
drogas foram conduzidos na escola? Nota-se um maior
preparo por parte dos professores e inspetores?

6. A participação
Pretende quantificar o número de pessoas que o programa
atingiu e, o número de atividades que cada indivíduo
participou. A partir destes dados, verifica se o programa está
alcançando toda a população inicialmente planejada. Para
esta avaliação se faz necessário à elaboração de um
instrumento de registro para que após cada atividade
realizada durante o programa, estes fatores sejam medidos.


7. Pesquisas epidemiológicas
Consiste na reaplicação de questionários epidemiológicos
(conforme explicado no item diagnostico) após pelo menos
um ano de programa. Tem como objetivo verificar se houve
alteração no conhecimento e no consumo de drogas com
relação aos resultados obtidos na pesquisa durante o
diagnóstico. A realização deste tipo de avaliação implica em
uma parceria com instituições de pesquisas especializadas.

8. Levantamento de opiniões e conhecimentos sobre o
tema
Reutilização dos grupos realizados durante o diagnóstico. A
composição do grupo e o roteiro de perguntas devem ser
mantidos para verificar se houve alteração no discurso após
a realização de atividades preventivas na escola. Deve ser
feito no mínimo após um ano de programa.

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA

A prevenção primária deve ser
assumida como resposabilidade do
conjunto da sociedade, dos poderes
públicos, das instituições privadas, da
comunidade escolar, das famílias, das
empresas, dos meios de comunicação,
numa competência partilhada.

Plano e Açõa Nacional de Luta contra
as Drogas - Portugal

www.drogas.pt
GUIA PRÁTICO PARA PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO DE DROGAS


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